sábado, 26 de outubro de 2013

“A situação da Igreja é uma verdadeira catástrofe, e o atual Papa faz que seu estado seja dez mil vezes pior”. (Mons. Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X) - Parte 2

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* * * Extratos do sermão de Mons. Fellay em Kansas City, em 13 de outubro de 2013 Apresentamos a seguir os extratos mais importantes do sermão dado por Mons. Bernard Fellay, Superior Geral da Fraternidade São Pio X, durante a Missa pontifical celebrada domingo, 13 de outubro, na igreja de São Vicente de Paulo, em Kansas City, durante o Congresso da Angelus Press. A gravação completa deste sermão está disponível em inglês no site DICI. Mons. Fellay desenvolveu certos pontos relativos à Fátima, ao segredo, às relações entre a Fraternidade e Roma em 2012, e depois mencionou alguns dos numerosos problemas relacionados com o Papa Francisco.

“Desde o começo”, disse, “temos a impressão de que algo está errado com este papa. Desde o início quis distinguir-se, ser diferente dos demais”.

“Devemos observar”, declarou Mons. Fellay, “qual é sua visão da Igreja, sua visão do Concílio, e quais são suas perspectivas”. No momento das Jornadas mundiais da juventude, até fins de julho deste ano, Francisco iniciou uma série impressionante de discussões, entrevistas, chamadas telefônicas etc. “Por ora, não podemos ter uma ideia precisa, mas temos com o que aterrorizar-nos”. Declarações contraditórias do Papa Como é característico do modernista, sobre o qual São Pio X nos avisa na Pascendi, o modernista falará às vezes de forma herética, e depois de maneira ortodoxa.

Mons. Fellay deu um exemplo de uma dessas contradições. Mencionou a entrevista de início de outubro que o Papa concedeu ao jornalista ateu Eugenio Scalfari, no diário romano La Repubblica. Francisco parece promover ali um perigoso relativismo.

Scalfari: Santidade, existe uma visão única do Bem? E quem a estabelece?

Papa Francisco: Cada um de nós tem uma visão do Bem e do Mal. Temos que encorajar as pessoas a proceder de acordo com o que elas pensam ser o Bem.

Scalfari: Santidade, o senhor escreveu isso em sua carta para mim. A consciência é autônoma, o senhor disse, e todos devem obedecer a sua consciência. Creio que esta seja uma das palavras mais corajosas ditas por um Papa.

Papa Francisco: E repito aqui. Cada um tem sua própria ideia do Bem e do Mal e deve escolher seguir o Bem e combater o Mal como concebe. Isso bastaria para melhorar o mundo.

Muito emocionado, Mons. Fellay comentou sobre a resposta do Papa: “Isto não é nada católico! Porque o que penso não tem nenhum valor se não corresponde com a realidade. A primeira realidade é Deus!… Deus é a única bondade e a referência para tudo o que é bom!…”. Temos uma consciência, porém só nos dirigimos ao céu se nossa consciência é um espelho de Deus. A consciência deve ser formada segundo a lei de Deus. “Por conseguinte”, disse, “afirmar que cada um pode seguir suas próprias ideias é uma loucura. Não está em nada de acordo com o ensinamento católico. É um relativismo absoluto”. Entretanto, alguns dias depois, o Papa Francisco falou da necessidade de combater o diabo, da batalha final contra o diabo, que ninguém pode lutar pela metade contra o demônio e que devemos combater o relativismo.

“Francisco declarou o contrário do que disse ao La Repubblica”.

Qual é a visão do Papa Francisco sobre o Vaticano II?

Mons. Fellay afirma que o Papa Francisco “está convencido de que o Concílio foi um êxito completo. Qual era a finalidade principal do Concílio? Reler a fé à luz da cultura moderna”. Poderíamos dizer: “Encarnar o Evangelho no mundo moderno”. Francisco “se alegra muito disso…” e estima que “o Concílio deu muitos bons frutos. O primeiro exemplo que proporciona é a liturgia – a liturgia reformada. É o belo fruto do Concílio. É isso que ele disse. E está muito satisfeito disso”. Francisco afirma que “aquela releitura do Evangelho na cultura moderna é irreversível, e por isso não vamos voltar atrás.

Como querem que estejamos de acordo com ele? Estamos diante de um combate maior”.

O Papa Francisco e a Missa 

Em relação à liturgia e à Missa antiga, Francisco fala do “Vetus Ordo” (a antiga ordem). Aprecia que Bento provavelmente tenha contribuído para restaurar a Missa antiga, como uma medida prudencial para aqueles que ainda estão aficionados a ela. “Porém, não esperem que Francisco volte à Missa antiga. Talvez permita que seja celebrada em paz. Só Deus sabe”. Porém, Francisco “vê que há um problema com esta Missa antiga. Porque há gente que ideologiza esta Missa. Adivinhem a quem ele se refere… não é necessário falar. Então, o que será de nós?…”. O que vejo, é que nele há uma obsessão por quem se orienta ao passado. Escutem as palavras do Papa: Papa Francisco (em sua entrevista com os jesuítas):

“O que considero preocupante é o perigo da ideologização, da instrumentalização do Vetus Ordo… Um cristão restauracionista, legalista, que quer tudo claro e seguro, não vai encontrar nada. A tradição e a memória do passado têm que nos ajudar a reunir o valor necessário para abrir novos espaços a Deus. Aquele que hoje busca sempre soluções disciplinares, que tem a «segurança» doutrinal de modo exagerado, que busca obstinadamente recuperar o passado perdido, possui uma visão estática e não evolutiva. E assim, a fé se converte em uma ideologia entre tantas outras. Por minha parte, tenho uma certeza dogmática: Deus está na vida de toda pessoa”.

Mons. Fellay prossegue: “A impressão que temos do atual Papa, é que lhe agradam as expressões mitigadas, aproximadas: quer a todo custo evitar o que é demasiado claro e certo. Porém, a fé é assim, porque Deus é assim. Mas não é o que ele pensa”.

Outra citação inquietante do Papa Francisco (na entrevista com os jesuítas):

“Se uma pessoa diz que encontrou Deus com total certeza e sem margem a qualquer dúvida, algo está errado. Eu tenho isto como uma importante chave. Se alguém tem respostas a todas as perguntas, estamos diante de uma prova de que Deus não está com esta pessoa. Quer dizer que é um falso profeta que usa a religião para o bem próprio. Os grandes guias do povo de Deus, como Moisés, sempre deram espaço à dúvida”.

Como resposta, Mons. Fellay exclama: “Qual é seu Evangelho, então? Que Bíblia tem para dizer semelhantes coisas? É espantoso. O que tem a ver com o Evangelho? Com a fé católica? É puro modernismo, queridos fiéis. Estamos diante de um verdadeiro modernista…”.

“Quanto tempo será necessário para que as pessoas investidas de autoridade na Igreja se levantem e digam: «Não podemos aceitar [este novo ensinamento]!»? Espero que isso aconteça, e rezo por esta intenção. Porém, isto significa que haverá uma imensa divisão na Igreja”.

Francisco nos diz também que é um grande admirador do cardeal jesuíta ultraliberal Martini (já falecido). Martini escreveu um livro convocando uma revolução total na Igreja. “É isto o que quer Francisco. E disse que os oito cardeais que elegeu para ajudar-lhe a reformar a Igreja pensam como ele!”.

Mencionando como último exemplo o ecumenismo, Mons. Fellay disse que o Papa Francisco sustenta que “muitas poucas coisas foram feitas neste sentido”. É incrível, admira o Superior da Fraternidade, posto que o ecumenismo originou uma catástrofe indizível na Igreja, levando as nações cristãs à apostasia. “Entretanto, o atual Papa disse que «muito pouco, quase nada se fez neste sentido»… e acrescenta: «porém, tenho a humildade e a ambição de fazer algo!»”.

Aferrar-se à Tradição e ao Rosário! Como conclusão, Mons. Fellay declarou: “O mistério do eclipse da Igreja nunca foi maior. Apresentam-se para nós momentos duríssimos. Não podemos iludir-nos. Está claro que a única solução é manter fortemente o que temos, conservá-lo, não deixar que se perca de nenhuma maneira… “O Papa São Pio X disse que a essência de todo católico é aferrar-se firmemente ao passado, e que neste sentido todo católico é tradicional. O atual Papa disse exatamente o contrário: «Esqueçam-se do passado, marchem em direção à incerteza do futuro… ».

“Certamente, necessitamos do Coração Imaculado de Maria. Estamos vivendo o Segredo de Fátima. Sabemos o que devemos fazer: rezar, rezar, rezar e fazer penitência, penitência, penitência. Rogar ao Coração Imaculado de Maria, meio que nos foi dado precisamente para estes momentos difíceis… e rezar o rosário”.

Podem estar seguros”, disse Mons. Fellay, “que se aproxima uma nova Cruzada do Rosário. Voltemo-nos para o Rosário. Rezemo-lo todos os dias. Vivemos em uma época muito perigosa para a fé, e precisamos desta proteção celestial que nos foi prometida e outorgada. A nós, corresponde usá-la! Devemos avançar na intimidade com a Virgem Maria e com Deus”.

Fontes DICI. Compte-rendu de la confêrence de Mgr Fellay lors du congrès de l’Angelus Press, aux Etats-Unis: http://goo.gl/t8Vrve. DICI. Extraits du sermon de Mgr Fellay à Kansas City, le 13 octobre 2013: http://goo.gl/864qcX.



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